sábado, 10 de julho de 2010

ALGUMAS POESIAS DO LAURINHO

Faz uns dias que tenho lembrado do livro "Tango Argentino" do meu pai e hoje tentando achá-lo no meio da minha bagunça encontrei algumas pastas com rascunhos de seus contos e poesias, com matérias de jornais,fotos de lançamentos de livros e aí bateu uma saudades danada.
Não encontrei o "Tango Argentino" nem o "Zabumba" mas sei que eles estão aqui em algum lugar...
Destaco aqui um presente escrito para mim e um para meus sobrinhos;


ANGÉLICA CRISTINA

Para minha filha neste natal de 86
Lauro Vargas

Quando de minha volta
de uma viagem urgente
você nos surpreendeu.

Noite (ou tarde?) de domingo
calmo mês de março
você nos apareceu
miudinha e feia
dois quilos e meio

Na penumbra do quarto
seus olhos brilhavam
emprestando-lhes uma estranha
beleza e formosura
dos fortes.(Daqueles cujos destinos não
lhes deixam retroceder)

Assim começou a sua vida;
aos dez meses caminhou
segura e firme
aos dois anos paralelepípedo
lhe era palavra familiar.

Agora (17 anos) feita mulher
vencedora entre a selva adversa
todas as palavras lhe são conhecidas.

O nome do namorado
o samba do pagode
meu Tango Argentino
a prestação do vestibular
Para 87 e 88
o sentido da vida.




MEUS NETOS

Que beleza! Quinze
O mais velho 14, o menor dois anos
com registros, nomes, cartórios,
cidades, estados e gens diferentes.

Quantos abraços! Contatos
afogueados rostos, emoções
individualidades marcantes
marcadas aptidões.

Que mais? Interpelo
o fato dessa cambada
existir na rede, taba e morada
descancarada do meu coração.

Promessas? Todos
impressionam-me os sentidos
abertos ao insconsciente, memória
consciente do eterno poder da vida.

Expressões, fortes meninos
Médicos
Operários
Tribunos
Escritores?

Sorrisos, Meigas meninas
Advogadas
Donas de casa
Professoras
Poetisas?

Gente! Filhos e filhas
de minhas filhas e filhos
expressões fortes de seus pais
meigos sorrisos de suas mães

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A PAZ




A paz
Invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais

A paz
Fez o mar da revolução
Invadir meu destino; a paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz

Eu pensei em mim
Eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição
Só a guerra faz
Nosso amor em paz

Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos "ais"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

20 ANOS SEM CAZUZA!!! QUE SAUDADES...

Cazuza Louco
Cazuza Poeta
Cazuza Maravilhoso...
Ele faz a minha cabeça há muito tempo!
Cada novo cd que comprava, minha vida mudava (até rimou!)
Não tive a oportunidade de assistir a nenhum show seu, quando eu realmente me apaixonei pelo seu trabalho ele já não fazia mais parte do Barão Vermelho, aí veio a doença e toda a loucura que foi até a sua morte!
Ainda doente escreveu coisas maravilhosas, letras profundas, cortantes, verdadeiras, e ao mesmo tempo poéticas!
Cazuza...que saudades!!!
Quais as minhas músicas preferidas?!!
Todas........





"Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar os blues
Com o pastor e o bumbo na praça.
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade"



"Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida, vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa"



"Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar
Por você eu largo tudo
Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Pra mim é tudo ou nunca mais
Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado"

















Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha no palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára